1 de maio de 2013

Até sempre, Professor Seara... Descanse em paz!

Imagem: Peniche Online, in Facebook
Peniche perdeu mais uma das pessoas que marcou de forma muito própria, e positiva, a sua história.

Com a humildade que me reconheço, deixo a minha singela homenagem ao professor Seara, com quem tive oportunidade de privar poucas vezes, mas com quem, reconheço, aprendi algumas "coisas" da vida. Em especial os dons do respeito para com o próximo e da partilha.

A sua vida, numa curta referência, ficou nuclearmente marcada por duas vertentes: a docência e a atividade ligada ao Jornal "A Voz do Mar", onde mesmo já no final dos seus dias de vida ainda marcava presença, sinal do amor e dedicação ímpar ao jornal da nossa terra.

Uma amiga, Cândida Maia, fez o favor de me ajudar a escolher um poema do Professor Seara, mas complicou-me a vida, pois não soube, eu, escolher. Por isso, deixo aqui os dois. Além da profundidade das suas palavras, atendendo a que foram editados há 4 anos atrás, parecem mostrar que p professor, estava consciente do caminho que o Senhor estava a traçar para ele.

Bem haja Professor, sejamos dignos de respeitar a sua obra e de nela reconhecer e encontrar caminhos para conscientemente viver intensamente as nossas vidas, até que o Criador nos chame para junto de Si.

Até sempre... Descanse em paz!

"Hoje o meu silêncio"

Hoje, o meu silêncio está inundado
de tudo quanto ficou inútil, 
sem vida, 
na vida que passou, 
de tudo quanto ficou
do sonho-verdade 
que era a realidade
que me habitou.

Agora, 
o amanhã que me espera,
é um amanhã sem aurora, 
um espaço indefinido e frio
onde só cabe o vazio
dum jamais.

Um silêncio já sem fragmentos, 
bem mais denso e baço 
do que outrora, 
cheio talvez ainda do meu cansaço,
nada mais!
......................................

"Quando Partir"

Quando partir, 
gostaria de levar bem cheia 
a mão da alma 
de quanto de bom terei feito na vida,
ainda que não saiba muito bem
o lugar onde tudo se guarda 
ou se esconde.

Quando partir, 
apenas sei que será a sorrir
que a minha alma rasgará o infinito
rumo não sei bem onde a sorrir porque nela não há
pecados de inveja, 
de ódios 
ou de qualquer vingança,
talvez só sonhos de criança 
que ficaram por cumprir
como tudo o que em mim
era esperança 
e nunca passou de um mito.

Sim, ao partir, 
minha alma rasgará o infinito 
a sorrir!...

Ambos de autoria de António Alves Seara, in "Um Rio Chamado Ilusão", Caminho das Águas Editora, 2009