29 de agosto de 2014

Objetivo: VIVER, independentemente das partidas que a vida nos vai trazendo!

Na vida profissional de muitos daqueles que andam nas luzes da ribalta existem momentos mais facilmente criticáveis, pois é grande a sua exposição pública e como seres humanos que são não podem, nem conseguem fugir à regra de errar, só porque são humanos. E a jornalista Judite de Sousa não escapa a essa mesma regra.

Por outro lado, não posso deixar de registar que há quem tenha posturas francamente dignas, mesmo que sejam humanos e por isso também expostos ao erro.

Olhar estes dois últimos dias para a TVI e para a postura de Judite de Sousa deixou-me claramente a ideia que há pessoas que mesmo em sofrimento não deixam de ser profissionais (tal como muito se fala do Palhaço, que ri por fora e chora por dentro), ainda mais quando se está perante o melhor jogador do mundo que tem, precisamente, a mesma idade do filho que a jornalista acabara de perder há cerca de dois meses, depois de um casamento que acabou, também recentemente. O que, convenhamos, não deve ter sido uma tarefa fácil para ela.

Aliás, tive a oportunidade de ler muitas das mensagens de apoio que os colegas e amigos de Judite Sousa deixaram nas redes sociais à jornalista, depois do regresso ao trabalho para entrevistar Cristiano Ronaldo, dois meses após a morte do filho, André Bessa (transcritas no site Vidas, do Correio da Manhã). 

Entendo, no entanto, que o que mais releva é o facto de esta entrevista ter sido promovida pelo próprio Cristiano Ronaldo, que se ofereceu para conversar com a jornalista. 

Aos dois, naturalmente, fica a minha humilde homenagem. À Judite pela coragem e ao CR7 pelo seu enorme sentido de oportunidade e pela sua imensa qualidade humana o que, juntando às demais que lhe são reconhecidas, é, sem dúvida, louvável.

De acordo com as palavras de Rita Ferro Rodrigues «Foi Cristiano Ronaldo que desafiou Judite de Sousa para esta entrevista. Que coisa bonita e que demonstra tanta sensibilidade e grandeza de carácter. Eu como mulher e mãe, agradeço-lhe muito. Ronaldo não precisava de dar esta entrevista... Tem milhões de solicitações... mas pediu a Judite para o entrevistar. Pediu-lhe para regressar. Não lhe permitiu um não. É, simbolicamente, das coisas mais bonitas que vi acontecer entre dois portugueses de grande nível. Muito comovente e inspirador. Ronaldo, o melhor do mundo.»

Já Nuno Graciano diz que leu «que foi o Cristiano Ronaldo que desafiou Judite de Sousa» numa «Fantástica demonstração de sensibilidade e grandeza de carácter. Um coração gigante! Muito comovente e inspirador. Obrigado pelo exemplo Ronaldo! Obrigado por regressares Judite

Herman José refere que parou «para assistir à entrevista da Judite de Sousa ao Cristiano Ronaldo. Na verdade, não dei atenção a uma única resposta. Estava completamente centrado na duríssima batalha de uma mulher ferida de morte pelo seu regresso à normalidade. Acho que até fiquei com dores de cabeça de tanto torcer por ela. Que a nossa admiração e apoio lhe sirvam de (modesta) compensação para tão grande dor. Incrível como por vezes a vida ultrapassa em crueldade e injustiça a mais horrível das ficções.»

Mas, nem todos concordaram. Bárbara Taborda, embora diga que apoia «o regresso ao trabalho de Judite Sousa, talvez só ele lhe traga alguma distração para a dor de perder um filho...», não gostou «de a ver nesta entrevista acho que precisava de mais tempo! Estava de rastos e não fez sentido nenhum que tivesse de voltar... Desumano até...»

Enfim, opiniões...

Para mim fica mais uma lição de vida, com um sabor especial, ao ver estes dois dias de entrevista, onde imperaram duas atitudes louváveis. A do jogador, pela disponibilidade e grande ato de altruísmo, e da jornalista, pela coragem de enfrentar a vida, depois das marcas que esta lhe deixou recentemente. 

No fundo, o meu sentimento é de que ambos estavam focados num mesmo objetivo: VIVER, independentemente das partidas que a vida nos vai trazendo!

Apetece-me concluir citando Nelson Mandela, in Carta a Winnie Mandela, 1 Fevereiro 1975
«Ao avaliar o nosso progresso como indivíduos, tendemos a concentrar-nos nos factores externos como a nossa posição social, a influência e a popularidade, a riqueza e o nível de instrução. Como é evidente, são importantes para medir o nosso sucesso nas questões materiais, e é bem compreensível que muitas pessoas se esforcem principalmente por alcançar todos eles. Mas os factores internos podem ser ainda mais cruciais para determinar o nosso desenvolvimento como seres humanos. A honestidade, a sinceridade, a simplicidade, a humildade, a pura generosidade, a ausência de vaidade, a prontidão para servir os outros - qualidades que estão facilmente ao alcance de qualquer criatura -, formam a base da nossa vida espiritual. »

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2013.02.07